O mercado multimilionário dos créditos de carbono já é uma realidade no Brasil. O que são créditos de carbono? Como eles funcionam? Por que eles são tão importantes para o combate às mudanças climáticas? Essas são algumas perguntas que muitas pessoas se fazem ao ouvir falar desse assunto. Neste artigo, explicaremos o que são os créditos de carbono, como são gerados e comercializados, e o seu potencial econômico no Brasil e no mundo.
Leia também: Elon Musk e sua relação com moradia sustentável e minimalista.
O que são créditos de carbono?
Créditos de carbono são unidades que representam a redução ou a remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou de outro gás de efeito estufa (GEE) da atmosfera. Esses gases contribuem para o aquecimento global, ao mesmo tempo causam graves impactos ambientais, sociais e econômicos no planeta. Por isso, é preciso reduzir as emissões desses gases e aumentar a capacidade de absorção de carbono pelos ecossistemas naturais, como as florestas.
Os créditos de carbono são gerados por projetos que evitam ou diminuem as emissões de GEE, como o uso de energias renováveis, a eficiência energética, o tratamento de resíduos, o reflorestamento, entre outros. Esses projetos devem seguir critérios e metodologias reconhecidos internacionalmente, que garantam a sua qualidade e transparência. Verifica-se através de entidades independentes, que atestam a sua validade e rastreabilidade.
Como funcionam os mercados de créditos de carbono?
Os créditos de carbono podem ser negociados primordialmente em dois tipos de mercados: o regulado e o voluntário.
O mercado regulado é estabelecido por acordos internacionais ou legislações nacionais ou regionais, com metas e regras para a redução das emissões de GEE. Os países ou as empresas que não cumprem suas metas, compram créditos de carbono de outros países ou empresas que tenham excedentes, para compensar as suas emissões. O mercado regulado visa criar um incentivo econômico a fim de atuar na descarbonização da economia.
O mercado voluntário não é obrigatório por lei, sendo motivado por iniciativas de responsabilidade socioambiental. Os compradores de créditos de carbono voluntários são empresas, organizações ou indivíduos que querem neutralizar as suas emissões, apoiar projetos de baixo carbono ou contribuir para o desenvolvimento sustentável. O mercado voluntário é mais flexível e diversificado do que o regulado, permitindo a participação de diferentes tipos de projetos e de padrões de qualidade.
Qual é o potencial econômico dos créditos de carbono?
O mercado de créditos de carbono é um dos instrumentos mais importantes para o financiamento da transição para uma economia de baixo carbono, necessária para evitar os piores cenários das mudanças climáticas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é preciso zerar as emissões líquidas de GEE até 2050, para limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
Estima-se que a demanda por créditos de carbono possa aumentar 15 vezes ou mais até 2030, e até 100 vezes até 2050. Esse mercado deve saltar de aproximadamente US$ 1 bilhão em 2021 para um mercado de pelo menos US$ 50 bilhões em 2030. O aumento das ambições climáticas dos países, pela expansão dos mercados regulados e pela maior participação dos mercados voluntários, impulsiona o crescimento desse mercado.
O Brasil tem um enorme potencial para se beneficiar desse mercado, já que é um país mega diverso, com grande capacidade de geração de energia renovável, de tratamento de resíduos, de restauração florestal, entre outras atividades de baixo carbono. O Brasil pode suprir até 37,5% da demanda global do mercado voluntário de créditos de carbono e até 22% da demanda de acordo com o mercado regulado pela ONU. As receitas de créditos de carbono podem gerar US$ 100 bilhões ao Brasil até 2030, e mais de US$ 300 bilhões até 2050.
Conclusão
Os créditos de carbono são uma forma de valorizar as ações de mitigação das emissões de GEE. As comunidades envolvidas beneficiam-se nas esferas: sociais, ambientais e econômicas pelos diversos projetos. As negociações acontecem em mercados regulados ou voluntários, que movimentam bilhões de dólares no mundo. De fato o Brasil tem um papel de destaque nesse mercado. Por ter um grande potencial de geração de créditos de carbono de alta qualidade e de baixo custo.